quarta-feira, 6 de junho de 2012

Instante

A minha rua
na minha rua o caminhão melancólico e musical de anúncio do gás passa e conquista uma matilha uivante.
Prenúncio de "coisa ruim," diz a avó.
"Manifestação de vida", diz a mãe.
Minha vez de dizer, mas nada. Parece que o cotidiano mundo se perde na busca feroz por uma urgente ideia, por outro tempo, por um espaço outro. Mudo. Mutante.
"Filha, vem ver, é lindo!"
"Mãe, já vou, espera."
Espera... e lá vem outra vez a espera.
"9 meses esperei", diz ela. "Vem agora, não vais te arrepender, prometo"

... "A hipótese de que..."..."A formação do sentido e da identidade..."

O caminhão passou, a música entre o vital e o mórbido calou e eu, ainda aqui, peço a espera. Sem ao menos perceber que o tempo era este.
O que diria eu sobre o cantar dos cães da minha rua?
"é ciência demais, minha filha."

Ciência...

Um comentário:

  1. Suzi, meu amor...

    Você pode até rir, mas pra mim deus é isto: 'o arrepio'.

    É o que nos perguntamos: como pode haver tanta beleza em tanta dor?


    Te amo!

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