quinta-feira, 21 de junho de 2012

Tudo era.

Lamiaceae!
          Lamiaceae...
                              Lamiaceae...
Uma voz sussurrava impaciente, esperando que algo acontecesse e que o mundo desse voltas e reviravoltas que contrariassem toda a ideia de um universo in-acabado.
Revirados estavam todos os sentidos, enquanto a paisagem desfazia-se diante de nossos olhos, feito algodão mergulhado numa poça gigante de desejos. As cores misturavam-se, o verde já se acinzentava, o amarelo distraía-se no azul, enquanto o rosa perdia-se na confusão das cores.
Confusão, tempestade de sensações que invadiam a alma do nosso ser e que entornavam para além do corpo. Perguntas, questões, insanas dores que arranhavam o peito e que dilaceravam a forma mutável em infinitas partículas. Partes agora flutuantes.
O peso da dúvida, da inquietação em meio aos silenciamentos e às acomodações simulavam uma incoerência do sentir que atingia no cerne o pulsar de todo o corpo.
Enquanto a paisagem diluía-se, misturava passado, presente e futuro num só borrão. Tudo ia se desfazendo: cores, janelas, portas, paredes, palavras, ideias, pilares, pensamentos, silêncio...
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.................................................................................................................................................................... E no princípio tudo era caos    
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A paisagem agora desfeita, sem fronteiras ou limites e tudo era tudo e nada era tudo e as perguntas e as dúvidas e as dores e os medos e os risos estavam agora condensados na forma amorfa de uma paisagem qualquer, sem nomes, sem prenomes.

E no princípio tudo era caos.



* Iluminura de Martha Barros.

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