terça-feira, 31 de julho de 2012

Fragmento

Frag
F
  R
     A
G
FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF
RRRRRRRRRRR
A
G
M
Fragm
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
F
R
A
G
ME
N
   t
OoOooo
Fragmento
Fragmentos
Tudo gira na lógica do pedaço
na ideia da parte representativa
é Clarice
é Verissimo
permutados.
Caio Fernando Abreu e as dicas de amor eterno
e as dicas de "carpe diem"!
Com imagens, pedaços de vida representando a felicidade proclamada, o anseio pelo fragmento ideal.
O alegre compartilhamento do fragmento mais fragmentado.
São pedaços, pedaços de gente, violências e violações suculentas.
Fragmentos.
Olhares ligeiros.
Atenção desviada.
A vida de um passageiro de trem, trem bala, eternamente obcecado pelo quadro que velozmente se faz e se desfaz, de uma paisagem a outra, de uma passagem a outra, de uma paragem a outra.
Frag
       men
              to
s.
.
a história encaixotada.

Clarice e o carpe diem.
Verissimo e o senso comum.
Caio Fernando Abreu e a alegria de viver.


Tendências??

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Prenúncio  de um sol que se foi.
turbulência à vista
Incompreensão mútua e uma fatal ausência de tato
O olhar? de punição, desde o cantar dos orvalhos até o piar das corujas.
um questionamento:
"Faz diferença o que se pensa?"
outro questionamento:
"se é melhor quando se vai embora?"
e ainda:
"faz diferença pensar quando já não se tem o tato, o contato, o sentido?"
- Bom mesmo era dizer de tudo, ali, na hora, sem temores.
- Mas e o risco de apressadamente concluir um mundo inconcluso?
- Ah, provisoriamente.
- Evitando o caos?
- Amaciando os contextos.
- Prolongando os aprendizados?
- Construindo a experiência.
- Mas se desse, a gente entrava numa casinha de caracol e andava pelo mundo, desbravando horizontes, construindo experiências, movendo ideias, de cá e de lá.
- E iria embora quando a saturação se revelasse?
- Não sei. Talvez sim, talvez não.
- Como saber.
- Evitando o caos?
- Modalizando os dizeres.



Se eu pudesse
choveria em mim.





terça-feira, 10 de julho de 2012

de um tempo

Hoje, Doraleia despertou depois de um tempo
foram anos, longos anos por entre brumas delicadamente construídas
A menina Doraleia, entulhada de costumes, de hábitos considerados toscos, 
olhou-se no espelho
Tanto tempo passado
formas esquecidas, ideias trasmutadas, contornos esfumados
E tudo bruma,
um imaginário habitado por manias de ego, por vontades próprias, por descuidadas pretensões
Mas, hoje, bem hoje, as brumas deram pra se desvanecer
e, lentamente, os olhos, a boca, os cílios, os contornos dos ombros, as mãos
toda a silhueta se refazendo diante de si, diante dos outros, diante da superfície espelhada
Doraleia observava-se, ruminava em seus pensamentos ideias de si, de um outro si, um si desconhecido, nunca avistado com aquelas formas, formas de dúvida, de incerteza, de ansiedade.
Observava detalhe a detalhe, minuciosamente, como se pudesse ir compreendendo para onde o outro si a levaria.
O olho olhava para dentro e via cá fora
enquanto fios prateados brindavam-lhe a vista
encenavam para ela a passagem dos dias
dias de esquecimento, dias de coragem, dias de dúvida, dias de solidão.
Menina Doraleia deslizava frente ao espelho, rente a parede, devagarinho, até que os joelhos tocassem o chão. 
As mãos no rosto 
os olhos no horizonte
e as veias pulsando vibrações de folhas tilintando em forma sonora de varais abarrotados em  dia de ventania.
Ventania que levara a bruma, espalhando-a por todo o espaço
A bruma agora é parte.
Doraleia, menina Doraleia das unhas ruídas e dos olhos de pintura escorrida,
ventanias e brumas mudando-lhe os rumos
outra vez.

Me caiu uma gota dos olhos
um arrepio brotou do meu ventre
Olho e olhos atentos
nas palavras de vida, de mundos pequenos
de imensos Juanitos
de infindas Doraleias
Com dizeres de gostos, de cheiros e sons
Por imagens que bailam, deslocam, instigam
singularmente ditas e reditas
ontem e sempre
nunca e agora
Como pode o dizer causar tantos zunidos?
Impressões de vivências cravadas na carne, suspensas do espaço.
Impressões de delírios, de esperas e anseios.
Um arrepio no osso
na mente
no espectro
me invade, me encontra de cheio.



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Uma história.

- Juanito, Juanito, o sol se pôs outra vez.
Vem brincar cá fora, Juanito!
Juanito, Juanito inventa uma daquelas histórias e pinta o céu de outras cores?
Juanito das pernas de meias, dos olhos de cera, da boca de melancia e das ideias de ventres, dos passos de nuvens, da vontade de fome, da ânsia e enfastio, me conta uma história?
Preciso dormir, queria te ver, preciso esquecer, espero mudar.

Apagaram o céu, Juanito! Acenderam estrelas,
me conta uma história?

História de alguém, continho de vida com sabor de pitanga e cheiro de mar, de mar de manhã com sombra de lua e desejo de areia arrefecida de noite, de luz apagada e de barulho de vento.

Tenho medo do escuro, Juanito, me inventa um segredo, me dá um mistério, me atira no mar, me espera na areia?

Juanito:
criado em cativeiro, fugitivo das muragens, herói dos sem-nação, explorador das perguntas, contador de histórias.