quinta-feira, 7 de outubro de 2010

P

“O poema é feito de palavras necessárias e insubstituíveis.”
(Octávio Paz)



Estar em contato com a poesia é algo notável. Algo que se entranha na mente e se faz presente de forma que não se pode ignorar as experiências que habitam no espaço de um poema. Mas ser poeta não é algo que simplesmente se possa viver sem sair repleto de marcas. É um trabalho intenso e dominante, que guia muitas vezes o sujeito para a obscuridade de uma solidão sem saída.
A poesia tem a função de fundar culturas e de permanecê-las através do tempo, permitindo aos seus amantes, que releiam as tradições, preservando e aperfeiçoando a língua. No entando, a arte poética é, sobretudo a experiência na vida do leitor, que o permite tocar o poema através da exposição, do acidente "incalculado" que acontece nas múltiplas vias entre a poesia que toca e o leitor que é tocado.
E a poesia não pode ser aprisionada em conceitos, ela vai além do corpo, além das mãos, apagando os contornos e transbordando para além dos limites da linguagem e do sentido. Ela é a aproximação, a paixão única que vem e revira tudo na alma do leitor, tirando-lhe o fôlego e devolvendo-lhe o coração. Afinal, é através do coração que nasce o ritmo pulsante da poesia e, é por meio dele que o leitor ama a poesia e guarda-a junto de si, podendo assim sentir o mundo em tempos e intensidades diferentes, como diria T.S.Eliot.
A poesia tem influência direta na cultura de um povo. Uma vez, que é através dela que as sociedades se mantêm vivas e "sadias", sensibilizadas e estruturadas. Nas palavras de Ezra Pound, os poetas fundam culturas inteiras. Deixando sempre um pouco de si, como diria Drummond em seu “Resíduo”. Ao passo que cada poeta de que se fala construiu um universo poético bastante singular. Cada um, de uma forma sem igual fundou uma cultura, marcou um tempo, não esse tempo linear que se diz por aí, mas o tempo que sempre retorna, retoma e vai do fim ao começo, sem deixar designado um ponto de origem, um centro fixo, que não garante a liberdade e apenas reforça a falsa ideia de segurança e tranqüilidade.
Poetas, portadores de múltiplas vozes que ressoaram e ressoam pelos cantos, bordas e infinitos espaços/tempos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário