sábado, 1 de setembro de 2012

Um fiapo de sol

O sol estava quente, de escaldar as memórias.
Um fiapo de tempo recordava o movimento constante das ideias.
Enquanto as veias escancaradas exalavam o sentido da vida.
Gota a gota, dia a dia, linha a linha.
O sol penetrava na pele, agitava as gotas, perpassava os dias e exaltava as linhas, inclusive as de expressão.
No peito o pulsar era descompassado, nada de um 'tum' depois do outro, a coisa estava mais para um "tim", para um "bum".
Na cabeça, nada de uma ideia depois da outra, às vezes, tudo, outras vezes, ecos e noutras ainda uma sinfonia apurada, controladamente organizada.
Nos olhos, um vitral.
memórias de ontem, de hoje e de depois.
O sol estava quente e refrescava as lembranças: passos no barro, voos de balanço, saltos de cascatas imaginárias, caças aos tesouros.
Doces memórias que o calor evocava, despudoradamente.
Na vitrola, nada além do som do vento arremessando as folhas umas contra as outras.
E as ideias sussurrando um emaranhado de sentidos, de melodias inesgotáveis.
O sol entrou na retina e ecoou na carne.

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