domingo, 13 de junho de 2010
.Isto.Isso.Aquilo.
"Escrevo rangendo os dentes" O que deveria estar pensando Álvaro- Pessoa- Campos ao escrever sobre um escrever "rangedor de dentes"? O poeta do fazer, do fragmento, escreve, instiga, conta mais do que poderia e menos do que gostaria. É o próprio fingidor em sua essência que faz pensar e sentir e que nesse pensar causa um impacto na vida de quem o lê, não podendo este voltar atrás nas mudanças trazidas pelo "caleidoscópio em movimento" como ele mesmo se designava e, logo, sua poesia. Uma alma barroca que se veste de outras várias e que representa tão bem o tempo que vivemos: um tempo sem tempo e sem lugar, um tempo sem memória, perdido e encontrado, uma colisão de pedaços de almas e de saberes não bem compreendidos ou compreensíveis.
Leio porque preciso, leio porque me alimenta e porque o não saber é cada vez mais sufocante, quando se percebe que nada se sabe. É a infinitude da Biblioteca de Babel de que falava Borges e que em vão tentamos enfrentar e que nos leva ao caos interno, nos leva à eterna busca pelo que pensamos poder saber.
"Tenho febre e escrevo" Poeta fingidor. Poeta do sentir.
Isto
Fernando Pessoa
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEscritora,
ResponderExcluircada vez melhor! Texto ótimo. Adoro te ler. Aliás, venho fazendo isso para relaxar. :) Parabéns, Su. Tu és maravilhosa.
Beijos,
Ju (A Amora)
Sweet words!
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