quinta-feira, 31 de maio de 2012

Entre um espasmo e um lapso
entre um dizer e outro
Por entre ausências e presenças remotas.
Um espaço vazio, um conjunto desabitado de espécies.
Sensação de solitude.
As palavras se foram, as ideias não bastam.
Os acordes ficaram pra estancar o vazio e pra acalentar o calor que ficou.
Por hoje, somente eles e estas ideias que agora, por agora, não me inspiram.
Ficou também um zumbido, um sussurro de
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ditos já ditos e sempre reditos, sempre de uma maneira diferente, simples, sem propósitos, sem especificações ou acordos

"O universo não é uma ideia minha. 
A minha idéia do Universo é que é uma ideia minha. 
A noite não anoitece pelos meus olhos, 
A minha ideia da noite é que anoitece por meus olhos. 
Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos 
A noite anoitece concretamente 
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso."


Aqui faz mais frio hoje.






 

sábado, 19 de maio de 2012

Hoje

Eu hoje perdi minha ideia, me desencontrei na paisagem. 
Esqueci que na carne a palavra arranha.
E que no estômago, as construções se dissolvem, se diluem no ácido cósmico do interno e se tornam diversas.
Diversas...
Eu hoje me esqueci que os sentidos escorrem e borram a superfície da tez.
Eu hoje percebi que chovia e que
Era nublado, ficou nebuloso.
Os pedaços dos termos ficaram suspensos, cada um decidiu não fazer parte a sua maneira.
Eu hoje chamei pelo tempo.
Ouvi o Silêncio, não daquele que diz, mas daquele que sabe que não quer dizer e que não vai dizer, ainda que eu suplique, que eu implore e que prometa não mais invocá-lo.
Ele não veio.
Retornei às palavras, abracei-as ardorosamente como se nelas pudesse recuperar algum bocado do tempo.
Ouvi sussurros estonteantes.

"Fico quieta.
Não escrevo mais. Estou desenhando numa vila que não me pertence.Nao penso na partida. Meus garranchos são hoje e se acabaram." Ana Cristina me confessou  "Tenho medo de perder este silêncio"

Fechei o caderno, enxuguei meu olhar insistente . Ainda chovia. 
"Custei para me livrar."


quarta-feira, 2 de maio de 2012

Na brisa uma imaginação, um refúgio encantado de uma solução horizontal.
Um abrir de olhares, um desabrochar de orvalhados sentidos.
Um teletransporte, uma viagem espectral por mil galáxias que se entornam em ideias de leites derramados.
Um sabor de encontro com o antes, com o agora e com o depois.
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De antes, a lembrança do doce raspar de tachos, das ventanias dos cabelos nas corridas disparadas até o topo das moradias arbóreas, das divertidas confusões com as palavras, com os nomes, com os gostos e com as coisas, a lembrança dos poemas de amor, das fábulas inventadas com nomes vários, das coreografias ensaiadas com os passos em falso, das amizades eternas, das cartas de amor, dos códigos secretos, dos tesouros de futuros olhares embevecidos para o passado... das rodas, do escuro, dos medos, dos voos.
De agora, o momento, o compromisso, a responsável imagem do vislumbre. A fragrância entranhada na pele, nos olhos, nos lábios, nas construções de um agora que anseia, que se propõe a riscar nas superfícies planas e íngremes os ensejos, que se expõe por vezes timidamente e por outras inconsequente, voraz, espectador das expectativas, das análises de outrora e dos planejamentos de sabores dispersos num horizonte, numa janela de vidro, numa imensa bolha-bola de sabão que atravessa os espaços e os tempos e as histórias.
Chega o depois, que já outra vez agora. Viagem submersa que irrompe as barreiras das peles adormecidas e já esquecidas do doce, do sobressalto, do ventaniar nos olhos e de soprar o mundo e de correr em círculos com os braços abertos e o coração em pulsos descompassados, desritmados, sorri-ar-dentes.
O encontro e o gosto da natureza delicada dos seus versos.