segunda-feira, 16 de abril de 2012

Lágrimas pingadas de ensebar o vento
Distrações atentas
Lamiaceae voltava divertida de suas férias e se invocava com os pulsos estabilizados.
Gostava mesmo era de causar suspiros e de ver o vento bagunçar as faces espelhadas de uma noite diurna.
Investia nos engasgos de poças luminosas que emanavam dos arfares cansados dos peitos inóspitos, fechados em suas percepções tranquilas de um caos teórico, cultural.
Insurgia-se contra as preocupações distanciadas, discursivizadas.
E adentrava os espaços entre uma córnea e um espamo e apertava os átomos até que eles girassem, até que provocassem ondas e farfalhassem.
Provocativa como sempre, dolorosa como nunca.
Primeira pessoa:
Meus anseios tomam forma e eu me encolho na maresia das provocações de memória, curta, média e longa e ouço um mantra, me recolho na esperança de ultrapassar a fina película que nos impede de ver/ser.
Pairo lágrimas bem densas, todas em mim.


segunda-feira, 9 de abril de 2012



Sorriu com os dentes todos e abriu os braços pro vento.

Atirou-se delicadamente num movimento de ares e decidiu que seria, dessa vez, diferente.

Inspirou profundamente até as pálpebras dos átomos tocarem-lhe saborosamente os volteios dos folículos da epiderme e da derme.

Moveu-se, agitou-se, fez-se de mar revolto em dia de calma paisagem embrutecedora e sorriu.
Tranquilamente
Cogitou ideias e debruçou-se sobre elas, atento, feito infância, feito vento de janela, feito som de nuvem que se invade 
e
sentiu o cheiro, o entusiasmado cheiro de mudança, de significações outras e com todo o ar que pôde sorriu, com dentes e tudo.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Flutuador.

O que mais a gente vê flutuando nas ideias pelos ares?
Uma espécie de forma-pedaço de ser que almado recorda as sutilezas do que fomos, do que nos tornamos e do que poderemos vir a ser neste breve, neste brevíssimo tempo/espaço que nos "intrometemos" a ocupar. 
                                                                                 E
Brincamos, nós, eu, eu quando outro, outro quando eu, tu quando comigo, eu quando com aquele. Brincamos de comer estrofes e de cantar vertigens, de solfejar passagens e de fingir descobertas, de proclamar espetáculos (i.né.di.tos) – Risinhos de contentamento e, se eu quiser, de contentação.
Brincamos ainda de planejar e cultuar pequenas partículas, pequenas, ínfimas pétalas de ser, de estar em tantos e em poucos, de projetar imagens, de provocar imaginações concentradas, compenetradas no olhar de órbitas multiversas.
Devaneamos juntos, evocando e sussurrando ideias divertidas e estonteantes, povoadas de universos paralelos, de pontos, de partes, de oculares (des)(re)vistas. 
Ar-dilosa-mente.
Ao meio, 
Vertemos poças pingadas em sorrisos levianos e por perguntas dolorosas e vaguezas de lembranças derretemos lentamente como se o tempo já não pudesse compreender que os espectros se projetam em espaços luminosos e obscurecidos pelas próprias vaguezas distraídas.
E nós, aqueles que ainda representados por eu+tu+ele mais todos ou mais poucos ou menos alguns, continuamos a supor que a nossa maneira de brincar de mundo é a mais exata, a mais contável, a mais graciosa.

E continuamos, sem ao menos compreender bem que rituais movem todo esse multiverso das ideias - seres - coisas - sentimentos – vontades, fingimos que inventamos a melhor ideia de mundo e pronto.

Eu grito, se eu quiser.
Eu corro se eu achar melhor.
Eu invento uma história.



"inventando com pedrinhas"

Eu gostava mesmo era de comer palavras e de mascar ideias, fazendo bolas-balões de pensamentos inventados.

Um pouco do sabor.

E depois de um tempo, retornar aos indícios.