quarta-feira, 27 de julho de 2011

dos olhos.


Olhos, levemente uma penumbra. A parte móvel desce involuntariamente, criando movimentos (des)compassados, a - rítmicos. O harmônico subir e declinar de plumas, leves e subliminares, criação de espectros ansiosos pela ventania provocada pela sutil oscilação dos cílios, pendurados em suas pálpebras intermitentes, exigentes, controladas, o movimento vagaroso causa arrepios, de dentro pra fora, lentamente, até que já não seja possível distrair-se de todos os abalos (in) voluntários ressoantes: a face enrubesce, o peito arde, o ar se esvai, a respiração, escassa, as pulsações incoerentes, ora aceleram o pensamento, ora suspendem o coração que musica inquieto.
As cavidades oculares inundam-se, aos poucos, até que marejantes, como orvalhos despontem discretamente, por entre suspiros que inflamam e comovem os cílios posteriores submersos. Gotículas brotantes, emergindo das profundas e recônditas aspirações. Da bela e formosa visão, correntes aquosas que tomam as faces e que alagam a superfície em sua densa verticalidade, coberta por tintas, por pinturas ornamentais e ilustrativas que se dissipam gentilmente em um espetáculo ímpar de sobreposições de tons e nuances desajeitadas. O peso da beleza desmoronante, a contemplação que invade o abstrato da pele, das águas, do sal e dos tons maquilantes, agora inseparáveis, um novo quadro, um novo ar, outra vista.


Nenhum comentário:

Postar um comentário