quarta-feira, 27 de julho de 2011

dos olhos.


Olhos, levemente uma penumbra. A parte móvel desce involuntariamente, criando movimentos (des)compassados, a - rítmicos. O harmônico subir e declinar de plumas, leves e subliminares, criação de espectros ansiosos pela ventania provocada pela sutil oscilação dos cílios, pendurados em suas pálpebras intermitentes, exigentes, controladas, o movimento vagaroso causa arrepios, de dentro pra fora, lentamente, até que já não seja possível distrair-se de todos os abalos (in) voluntários ressoantes: a face enrubesce, o peito arde, o ar se esvai, a respiração, escassa, as pulsações incoerentes, ora aceleram o pensamento, ora suspendem o coração que musica inquieto.
As cavidades oculares inundam-se, aos poucos, até que marejantes, como orvalhos despontem discretamente, por entre suspiros que inflamam e comovem os cílios posteriores submersos. Gotículas brotantes, emergindo das profundas e recônditas aspirações. Da bela e formosa visão, correntes aquosas que tomam as faces e que alagam a superfície em sua densa verticalidade, coberta por tintas, por pinturas ornamentais e ilustrativas que se dissipam gentilmente em um espetáculo ímpar de sobreposições de tons e nuances desajeitadas. O peso da beleza desmoronante, a contemplação que invade o abstrato da pele, das águas, do sal e dos tons maquilantes, agora inseparáveis, um novo quadro, um novo ar, outra vista.


segunda-feira, 25 de julho de 2011

o depois.

Da fome de ser sem ter sido de todo um completo esquecido.
De uma ausência que arde e desmonta os espaços, de um ar fresco que invade e devolve os sentidos.
Palavras, te buscam carentes e exaustivos, suspensos no longo caminho. Pedaços perdidos, olhares pensantes, reflexos opacos.
Discussões incessantes, ares diversos, inóspito solo sedento de ideias, de prantos e cores
Paisagens distantes, vivências vividas, relógios ausentes, palavras bem soltas, modelos, de lado.
Sentidos potencializados, referências revistas, ouvidos aguçados, observações cadentes, intensos espaços, pedaços de seres em curtos períodos, processo de ser, de (re)tornar sendo ainda o antes e bem mais o depois e, assim, sucessivamente - ad infinitum - sujeito indivíduo de forma expressiva de um n+1, dialético, composto, substantivo.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ociosamente

O sol toca e o corpo desperta:

Olhar estático, fixado em pontos quaisquer, em estórias diversas.
Um tempo que não flui, não avança e castiga por vontade e desejo impróprios.
Retorno ao olhar que passeia por tempos não tão presentes,
o pensamento brinca de advinhar o que foi/ é aquele lugar, aquelas construções desvirtuadas dos anseios primários de outrem.
O tempo - outra vez - resiste, as mãos congelam numa manhã de inverno, o olhar petrificado e analítico circula inquieto e enfastiado. O pensamento entorna. O olhar baila novamente e esbarra em flores habitantes de topos de árvores que conquistam um suspiro e uma entrega.
O relógio marca ora frenético, ora preguiçoso, (h)oras ociosas.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

!

Hoje registro outra vez que elas - as palavras - voltaram a me acometer desesperadamente, implorando por vasão, implorando por um socorro reflexivo e analítco.
Suspensão.
Diálogos interiores intolerantes sufocam essa partição de um eu teórico analisado à luz e à escuridão dos fatos mais improváveis e mais incontidos.
Pesa o turbilhão de sentidos que ironizam o falseamento de ideias impróprias, pensamentos só meus, conturbados e doloridos.
A inconstância nunca me deixou, por hoje, respiro o peso da neblina que me padece.
Dias, dias, dias.
Meu ar, intolerável. Acordo, outra vez, e pesa eufemisticamente.