O ano ainda pode ser salvo pelo canto da cigarra.
No ouvido, o eco da lembrança infantil fazendo o coração se embalar ao som das corriqueiras ideias materializadas no ato de correr até mais tarde na rua, de esquecer os deveres de casa, de comer milho verde na praia em tarde com cheiro de sal e vento.
No olfato, a lembrança do sol que se demora a esconder e que faz o pensamento sentir que hoje ainda é tempo de ser mais.
Pulsa o desejo.
Pulsa. Tato.
Pulsa o desejo de sair e de tomar o mundo pelos fios de luz que se perdem no mar. Visão.
E vale o sentido de inquietude que conserta o mal empregado tempo dedicado ao tudo que esmaga a vontade de menos, de só ser.
Outras perguntas, novas perguntas e mais amanhã.
Abençoada arquitetônica em dezembro.
Salvem as cigarras e sua tonal presença nas encenações de certos dias.